Ernesto 'Che' Guevara: um legítimo kshatriya?
Alphonse van Worden - 1750 AD
A meu ver, definitivamente SIM.
Hoje não tenho dúvida alguma de que ‘Che’ Guevara, no que tange à 'engenharia ideológica' da GRANDE SÍNTESE, é, sem sombra de dúvida, a mais importante figura no âmbito da esquerda comunista. E isto ocorre pela seguinte razão: ao contrário de homens como Lenin, Trotsky, Bukharin, etc., ele não foi 'apenas' um 'líder revolucionário', mas logrou encarnar à perfeição o arquétipo do GUERREIRO (sim, Fidel Castro e Mao Zedong , por exemplo, e até mesmo Trotsky, de certo modo, também foram ‘guerreiros’, mas nem de longe incorporaram tal ethos como o revolucionário argentino). Ernesto Guevara foi um kshatriya na mais legítima acepção do termo, isto é, um homem para quem a guerra, como dizia D’Annunzio, “tem a sua recompensa em si mesmo, ainda que não seja coroada pela vitória”; ou, em outras palavras: um homem para quem a guerra é um veículo de realização espiritual; uma esfera que vai muito além das causas e circunstâncias que condicionam cada conflagração em particular; dimensão cósmica, pois, que se projeta na Eternidade, onde os autênticos kshatriya não podem ser derrotados pelos escravos do 'Reino da Quantidade', das sombras voláteis e fugidias do ‘Agora’, submetidos ao fluxo errático e transitório do Tempo.
Há, por fim, uma frase de Glauber Rocha em Eztetyka do Sonho (1971) que, a meu juízo, define de forma lapidar a substância fundamental, o ‘eixo de gravidade’, do legado de Guevara (muito embora ironicamente o próprio Che, se calhar, jamais fosse concordar com ela, ou até mesmo compreendê-la em seu significado mais recôndito:
“A revolução, como possessão do homem que lança sua vida rumo à idéia, é o mais alto astral do misticismo.”
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